Tom estava observando
aquilo que parecia um corpo. Já tinha visto muitos corpos de pessoas mortas
antes, mais nada parecido com aquilo. Estavam aguardando a chegada dos peritos
com aqueles apetrechos todos para tirarem fotos, impressões digitais e mais
outras coisas que esses caros fazem quando acham um corpo.
Aquilo era muito
estranho, o corpo parecia que havia sido “esvaziado”, estava totalmente em pele
e osso literalmente, era até difícil identificar o corpo de tão “estranho” que
estava aquele corpo. Estava acostumado a ver corpos mutilados, esmagados, sem
parte da cabeça por tiros aplicados a queima-roupa, mais nunca tinha visto
isto. Ficou observando por vários minutos tentando descobrir como um corpo
podia ser “esvaziado”. Estava longe em seus pensamentos quando chegou o pessoal
da perícia.
- E aí Tom, o que têm
para nós?
- Ola George, parece
que vocês irão ter muito trabalho hoje, - Tom apontou para a vitima.
- Nossa isso é muito
esquisito, não acha?
- Se acho. Já viu
algo parecido?
- Não. Parece que o
cara foi sugado!
- É também a minha
impressão. Estava aqui pensando como isso pode acontecer.
- É você tem razão.
Vamos ter muito trabalho hoje, essa tarefa não me parece que vai ser muito
fácil. Você vai querer ver alguma coisa?
- Sim George,
gostaria de ficar informado de tudo o que conseguir, resultado da autopsia,
impressões digitais e tudo o mais.
- Esta bem, vou te
deixar informado. Vou te mandar umas copias das fotos também, OK?
- OK, obrigado.
- Agora me deixe
trabalhar Tenente, vou pedir que a minha equipe entre para terminarmos logo com
isto.
- Já estou indo
George.
Tom agradeceu George
e saiu de encontro ao seu carro parando antes na entrada para determinar a um
policial que estava na entrada para não permitir a entrada de nenhuma pessoa
estranha no local principalmente jornalistas. Não gostaria de ver fotos desse
corpo nas paginas dos jornais, isso poderia causar preocupação principalmente
se os jornais sensacionalistas aparecessem, aí sim teria um problema. Não
gostava nem um pouco de repórteres, eles só atrapalhavam as investigações. Já
havia brigado e discutido com vários deles. Não gostava deles e muito menos
eles gostavam de Tom. Na primeira oportunidade que tinham, metiam o sarrafo no tenente,
falavam mal dele, inventavam mentiras, falavam até de sua vida pessoal. Se um
dia pudesse pegar um desses...... folgados, era assim que Tom via, um bando de
folgados.
Entrou em seu velho
Buike prateado e antes de sair acendeu um cigarro dando um longo trago jogando
a fumaça para cima e ficou observando as várias formas que a fumaça de seu
cigarro fazia. Isso parecia fazer com que ficasse mais relaxado e pensava
melhor quando estava relaxado. Fumou todo seu cigarro antes de ligar o carro e
partir para a delegacia. Aquela manhã não havia começado bem. Não era a
primeira vez que era acordado cedo para atender um chamado. Mais ver um corpo
naquele estado antes mesmo de tomar o seu café da manhã, era de deixar qualquer
um sem apetite.
***
Samanta estava
entretida em sua nova leitura. Aquilo era uma preciosidade. Sempre pesquisou
coisas antigas, mais nunca em primeira mão. Aquilo na sua frente parecia algo
novo, como se ninguém houvesse visto antes. Já tinha folhado o livro por várias
vezes, como se tivesse esquecido de observar alguma coisa importante. Ainda não
conseguia entender o significado das escrituras, precisaria pesquisar suas
anotações para descobrir em que língua antiga foi escrita. Mais só o fato de
olhar sabia que era algo diferente, tinha um aspecto diferente. Sem contar com
as ilustrações do livro. Desenhos que lhe pareciam satânicos a primeira vista.
Formas inumanas com chifres, e pés em forma de patas. Como eram descritos os
seres diabólicos da antiguidade. Já tinha visto desenhos parecidos em suas
pesquisas. Desde milhares de anos atrás, que a humanidade fala de deuses,
diabos, seres em formas estranhas, em todas as crenças havia citações de seres
diabólicos. Samanta estava tão absorvida em seu tesouro que nem percebeu as horas
passarem. Levou um tremendo susto quando seu telefone tocou. Quase caiu da
cadeira.
- Alô.
- Sam? É a Anne,
esqueceu do nosso encontro? Já são quase quatro horas.
- Ó desculpe Anne
estive tão entretida em uma pesquisa que nem percebi as horas passarem. Espere-me
que já estou saindo.
- Pesquisa? O que
está pesquisando? Espero que seja algum gato para um encontro.
- Pare com isso Anne,
é apenas uma nova pesquisa universitária.
- Eu já sabia, você
só pensa nisso. Preciso lhe ensinar algumas pesquisas no campo de homem. Você
não sabe quanta coisa se tem para estudar!
- Anne!!! pare com
isso, você só pensa nisso?
- E tem outra coisa
para se pensar, sem ser em um homem gostoso?
- É claro que tem
outras coisas para se pensar, você parece uma tarada. Fique onde está que já
chego. Há, e outra coisa, não agarre ninguém enquanto isso.
- Esta bem, mais não
demore. Você não sabe o que passa em minha cabeça quando fico sozinha.
- Eu sei. Fique
calma. Até já.
- Até já Sam.
Samanta desligou o
telefone e juntou toda a papelada que havia espalhado em sua mesa. Guardou tudo
em sua bolsa, pois sabia que não iria resistir em tentar desvendar o mistério
daquele livro ainda hoje. Havia se esquecido completamente do tempo. Sua amiga
Anne era um pouco doida, mais muito legal. Sabia que podia contar com ela para
qualquer coisa que precisasse, e nunca deixava de comparecer a um encontro com
sua amiga, mesmo quando tinha algum outro compromisso. Tinham combinado que
toda quinta-feira se encontrariam no bar do Joe, mesmo que se encontrassem no
dia anterior, tinha sido como um pacto, toda quinta-feira encontro no bar para
conversas e troca de idéias. Samanta gostava desses encontros, passava horas
conversando com sua amiga. Anne era como se fosse a sua irmã, podia lhe confiar
qualquer segredo, pois sabia que ela jamais contaria algo seu para qualquer
pessoa. Seu único defeito é que ela não se contentava em ficar com um único
homem. Não conseguia entender como ela podia trocar de parceiro tão
rapidamente. Ela parecia insaciável. Mais era uma pessoa adorável e muito
engraçada. Samanta gostava de estar com ela e, além disso, era sua melhor
amiga.
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