Samanta acordou com
um péssimo humor, estava se olhando no espelho e não estava gostando nada do
que estava vendo, estava com olheiras e aquilo não era nada bom. Sempre que
dormia pouco ficava com olheiras, mais ela sabia como resolver e sabia que logo
seu humor iria melhorar. Ficou observando atentamente no espelho as particularidades
de seu rosto. Era uma mulher bonita, com olhos verdes e boca sensual com lábios
grandes e bem contornados, mais aquelas olheiras não combinava em nada com
aquele rosto bonito. Não devia ter ficado até tarde da noite lendo e fazendo as
suas anotações, mais não havia como parar de ler, era uma mulher decidida e
gostava de ir até o fim de suas pesquisas, não importando o resto. Sabia que
isso não era bom, sabia que uma boa noite de sono deixaria sua cabeça muito
melhor no dia seguinte para continuar suas pesquisas, mais esse era um dos seus
defeitos, quando começava a ler e a escrever era difícil parar, parava só
quando seu corpo não agüentava mais.
Foi para o banho.
Isso sim é um enorme prazer, deixar a água escorrer pelo seu corpo, fazendo com
que haja uma renovação em sua alma. Pelo menos era o que pensava.
Depois de 35 minutos
no chuveiro, voltou pra frente do espelho para verificar novamente seu estado.
Gostou do que viu, melhorou muito sua aparência. Caminhou até seu closet e
gastou mais 10 minutos escolhendo a roupa que iria usar. Era uma mulher muito
vaidosa, gostava de se vestir bem. Pegou um tailer azul que lhe cairia muito
bem para aquela terça-feira, estava um dia bonito, com sol e o céu com poucas
nuvens. A previsão do tempo dizia que não iria chover, então ela não precisava
se preocupar. Ela acreditava nesses programas de previsão do tempo, e sempre
que podia assistia no dia anterior para poder se arrumar na manhã seguinte.
Antes de começar a se
arrumar, foi até o espelho do seu quarto para dar mais uma olhada no seu corpo.
O espelho era para corpo inteiro. Olhou todo seu corpo, como se estivesse
procurando algum defeito, não encontrou nenhum. Samanta tinha um corpo muito
bem escultural, já estava com 32anos, mais tinha um corpo muito melhor do que
muitas mulheres de sua idade e até de mulheres mais novas. Sabia que isso se
devia ao fato de não ter tido filhos e que fazia um pouco de exercícios, quando
lhe sobrava tempo, e isso era o que lhe diferenciava das outras mulheres.
Após se arrumar e se
pintar, gostava disso também, achava que toda mulher devia estar maquiada, e
ela não abria mão de se pintar. Achava que a pintura lhe dava um realce melhor,
apesar de muitas pessoas terem lhe dito de que ela não precisava deste
artifício, pois sua beleza era natural, sem necessidade de completar nada.
Desceu para o piso
inferior de sua casa, escutou barulho vindo da cozinha. Sua empregada já estava
lá, como todos os dias, preparando o seu café da manhã. Juntou todas as
papeladas que havia deixado em cima da mesa da sala na noite anterior e foi
para a cozinha.
- Bom dia Sofia, teve
uma noite boa? Perguntou Samanta.
- Bom dia Samanta,
estou bem, e a senhora?
- Sofia, já lhe disse
para não me chamar de senhora, é somente Samanta, esta bem?
Sofia era uma senhora
de 52 anos, e já estava trabalhando na casa de Samanta a mais de sete anos.
Tinha ela como filha, mais não perdia a mania de chamá-la como senhora. Era
algo que estava com ela, foi educada assim. Sempre trabalhou em casa de
família, e todos os seus antigos patrões exigiam que fossem tratados como
senhor e senhora, e era difícil esquecer isso.
- Esta bem Samanta.
Como passou a noite? Pelo jeito foi dormir tarde outra vez, não é mesmo?
- É Sofia, dessa vez
não consegui largar um livro que encontrei escondido na biblioteca ontem.
- Você ainda vai
ficar doente se continuar desse jeito Samanta.
- Não se preocupe
Sofia, tenho uma saúde de ferro e já estou acostumada a dormir pouco.
- Sei disso, mais
você devia se cuidar mais, e devia se divertir um pouco também. Sair mais,
procurar amigos novos...
- Eu sei aonde você
quer chegar Sofia. Não vai começar a falar novamente que tenho que procurar um
novo marido, que não posso ficar o resto da minha vida sozinha, etc... Não vai
começar esse discurso novamente, já te falei que isso deve ser natural, quando
chegar a hora ele irá aparecer.
- Se continuar
enfornada em bibliotecas e nesta casa, nunca vai aparecer ninguém.
- Mais eu não vivo
somente em bibliotecas, você esqueceu que dou aulas na universidade?
- Como eu poderia
esquecer isso se é justamente por causa da universidade que você lê tanto.
- Sofia, já te falei
que ler é a melhor coisa da vida... Bom, vamos falar disso mais tarde, deixe-me
terminar o meu café porque tenho que sair.
Samanta sentou-se em
sua cadeira no seu lado preferido da mesa, já estava tudo posto para o seu
desjejum como todos os dias. Tomou primeiro um copo de suco de laranja, comeu
uma torrada e alguns pedaços de queijo. Era pouco geralmente comia uma fruta
também, mas estava sem fome.
Levantou-se, e foi
para a sala pegar suas coisas, atravessou o hall entre a cozinha e a sala
passando pela dispensa até chegar à sala de jantar, onde havia deixado suas
coisas. Sua casa era grande, com duas salas, uma de jantar e uma de estar com lareira,
ainda no andar térreo havia um escritório todo equipado e confortável, herança
de seu ex-marido, mais que ela não gostava de ficar lá, preferia sempre a sala
de jantar, no piso superior havia três suítes espaçosas, sendo que a principal
também com uma lareira. Era uma ótima casa, na garagem dois carros, sendo um
esportivo que ela gostava muito.
Não era milionária,
mais estava bem de vida, seu marido além de deixar a casa e os carros, ainda
lhe dava uma gorda pensão mensal que poderia fazer com que ela não precisasse
trabalhar, mais ela nunca deixou de trabalhar, mesmo quando era casada, não
nasceu para ficar presa em casa, gostava de ter uma atividade.
Quando estava
chegando à porta para sair ouviu a voz de Sofia.
- Samanta... Vai
almoçar em casa?
- Não Sofia, tenho
muito trabalho hoje, como qualquer coisa por ai.
- Esta bem. Quer algo
especial para a noite. Posso preparar alguma massa.
- Você escolhe Sofia,
sei que tem um ótimo bom gosto, faça aquilo que achar melhor, você sabe que
adoro tudo o que você faz. Ate logo Sofia, não me espere, assim que terminar
pode ir para sua casa descansar.
- Ate logo Samanta,
se cuide.
- Tchau mamãe......
Samanta foi até a
garagem abriu a porta do seu Porche, jogou suas coisas no banco de passageiro e
sentou-se. Aquilo é que pode se chamar de carro, ela sabia que existem outros
carros mais luxuosos, modernos e mais possantes, mais para ela seu Porche era o
carro ideal, ...... ligou o som cd e logo começou a tocar Bob Dylan, seu cantor
favorito, ficou quieta um pouco escutando a musica ..... ligou o carro, abriu a
porta da garagem e foi embora, direto para a universidade, tinha um encontro
com o reitor às dez horas, e não queria chegar atrasada, seria uma enorme gafe,
sem contar que ela não sabia qual era o assunto, estava curiosa.
No caminho entre sua
casa e a universidade, ficou pensando em Sofia, sua vida foi muito
sofrida.........
Chegando à
Universidade, estacionou seu carro o mais perto possível da porta de entrada do
prédio principal, largou suas coisas dentro do carro e foi direto para a sala
do reitor, subiu um lance de escada e foi até o fim do corredor, antes de bater
na porta, olhou a placa: Dr. Bartolhomeu Kruskey – Reitor, achava este nome à
cara dele, bateu na porta e entrou, bem em frente à porta ficava a mesa da
secretária Srta Presley, será parente do Rei? Não ela não tinha nada do Rei.
- Bom dia Sra.
Walder, como vai? Aguarde um pouco que o Reitor já ira atende-la.
- Bom dia Srta.
Presley, mais pode me chamar de Samanta.
- Esta bem sente-se,
gostaria de alguma coisa?
- Não obrigada.
Sentou-se em um sofá
que estava do lado esquerdo da secretária, e começou a pensar em como seria a
vida dessa jovem...... foi interrompida de seus pensamentos quando a Srta
Presley lhe chamou.
- Sra. Walder, pode
entrar, por favor, o Reitor ira lhe atender agora.
- Obrigado. (não
tinha jeito, ela iria sempre lhe chamar de Sra.Walder, como se fosse de
propósito).
Samanta entrou na
sala, era uma sala enorme com várias estantes até o teto abarrotadas de livros,
no centro da sala a mesa em forma de L com um computador e papeis espalhados
por todos os lados, a sala apesar de ser grande, parecia muito menor, talvez
por causa da bagunça de livros e papeis espalhados.
- Olá Samanta como
vai?
- Bom dia Dr.
Kruskey.
- Sente-se Samanta, é
sempre muito bom quando você vem aqui, parece que o meu dia fica muito melhor
quando isso acontece.
Samanta sentou-se e
imaginou se isso era um elogio ou se ele estava lhe dando uma cantada, ela
nunca sabia.
- A cada dia que
passa você fica cada vez mais bela, parece que esta rejuvenescendo.
- Obrigado, Dr.
Kruskey, o senhor é muito gentio.
Há, isso é mais que
um elogio e uma cantada, pensou Samanta
- Bem Samanta, o
motivo pelo qual lhe chamei, é que encontrei em uma caixa que estava esquecida
em um canto da universidade, parece que há séculos, e dentro dela encontrei
vários papeis velhos e um livro bem antigo, e achei que você iria se interessar
em vê-los.
- Mais porque eu?
- Porque sei que você
adora desafios.
- Desafios? Qual o
desafio em ler um livro e papeis antigos?
- É que esse livro e
papeis estão escritos em uma língua que eu não consegui identificar, parecem
terem sido escritos em uma língua estranha, que eu desconheço, esse é o
desafio, tentar desvendar este enigma.
- E onde estão?
- Bem aqui.
O Dr. Kruskey
abaixou-se e pegou uma velha caixa em madeira velha, que parecia ter mais de
200 anos, e entregou-a a Samanta.
Samanta pegou a caixa
como se estivesse segurando uma peça muito delicada e que poderia se quebrar a
qualquer toque, a impressão que ela tinha era essa mesmo, segurou com as duas
mãos aquela caixa colocou em seu colo e abriu-a, seus olhos ficaram brilhantes
diante daquele livro antigo, suas pupilas aumentaram de tamanho diante de tal
relíquia.
Começou a remexer a
caixa separando os papeis, como que se organizando primeiro para começar a
olhar melhor depois. Entre o livro, um lhe chamou mais a atenção, pois na capa
velha do livro, continha um amuleto, com desenhos estranhos mais muito bonitos,
estava começando a abrir o livro quanto o Dr. Kruskey falou:
- Querida Samanta,
pelo que vejo você adorou, da para perceber pelos seus olhos, mais você não vai
querer ficar aqui na minha sala olhando todos esses papeis vai? Não que eu não
goste da sua presença, ao contrario, a sua presença aqui deixa este lugar menos
sombrio. É que estou muito ocupado hoje, estou sem tempo, mais lhe prometo que
a nossa próxima conversa será muito mais longa.
- Oh Dr. Kruskey me
desculpe, vou levá-los para a minha sala, lá posso examiná-los com mais calma.
- Obrigada querida.
Você tem todo o tempo do mundo para desvendar esses manuscritos, mais não se
deixe envolver somente com isso, quero você trabalhando naquelas pesquisas
antigas também ok.
- Está bem Dr.
Kruskey.
Samanta fechou a
caixa e levantou indo a direção à porta, quando o Reitor falou:
- Há Samanta,
deixe-me informado com suas pesquisas esta bem.
- Ok Dr. Kruskey,
conforme vou descobrindo algo vou lhe informando.
- Há, outra coisa
Samanta, me chame somente de Kruskey, fica mais informal.
Samanta acenou com a
cabeça e saiu, passou pela secretária e nem mesmo se despediu, foi direto para
a sua sala que ficava no terceiro andar, estava ansiosa para olhar tudo. Subiu
as pressas pela escada lateral, era mais cansativo mais estava com pressa e ir
até o meio do corredor e esperar o elevador parecia levar muito tempo, e ela
gostava de andar quando podia, era uma das formas de se exercitar, achava que
todo mundo deveria andar mais, fazer um pouco de ginástica, os médicos estavam
cansados de recomendar isso, e porque as pessoas não faziam? Não entendia as
pessoas.
Chegando ao terceiro
andar, estava um pouco sem ar, não deveria ter subido correndo as escadas,
atravessou o corredor, pois sua sala ficava no lado norte do prédio, na outra
extremidade do corredor. A universidade estava quieta naquele dia, atravessou
todo o corredor sem ao menos encontrar uma única pessoa, era muito estranho,
pois sempre havia muita gente andando de lá pra cá todos os dias. Bem deve ser
o horário, pensou Samanta.
Chegou a frente a sua
sala, virou-se para trás para observar novamente o corredor, não havia ninguém,
mais ela tinha a sensação de que alguém a observava. Ficou um tempo olhando
para ver se aparecia alguém, após alguns segundos falou:
- Ora Samanta, isso é
bobagem. – abriu sua sala e entrou.
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